23 de novembro de 2012

soltas (3)

pensar que sabe é passar a desconhecer profundamente, pois pensar o que quer que seja é mudá-lo. 
Vivê-lo, simples-mente, é-te suficiente.


medicamentos e medicos-mentem é demasiado parecido.

to much to lose
too much, too loose


tão melhor seria se os registos de propriedade se limitassem a uma pro-funda vontade
e os comprovativos se queimassem nos arquivos, para dar lugar ao falar
se o querer bastasse
não haveria sorriso que se ficasse


somos muito mais encontrados quando procuramos

Há pássaros que se julgam crescidos e não sabem sequer que podem voar... Mas, precisamente por nunca terem tentado, 
Ninguém a não ser eles mesmos lhes poderá ensinar.


pé-de-vento em mundo de plantas de vaso
alento em caminhos ao acaso
rebento em despreocupado atraso
simples.
e simplesmente não faço caso do aso que dou


Acho que casar é um mito urbano.

qualquer palavra que nos ensina/altera/.. faça Algo, é boa literatura.


our lives going on is the most beautiful fight.

Se somos todos diferentes... não será a normalidade uma invenção?

vem dar-me sono

Agora percebo perfeitamente, em todas as vezes que voltaste, o diferente que estavas. Vejo, translúcido, o choque do igual que estávamos todos nós, amando um ser que já não existia. Hoje sei o quanto não tentámos perceber. Vivendo-o, percebi.

mas que me importa o que vos pareço, se nem vos conheço?

feel Free to use my thoughts in your lives
feel Stupid for using my words

mãe

amo-te mãe. 

porque vês no escuro da madrugada,
porque aguentas qualquer trovoada,
porque flutuas até de farda,
porque o teu sorriso vem da alma espalhando-se pela vida fora,
porque salvas o mundo e não é metáfora,
porque guardas a gente de si mesma,

porque ensinas o amor incondicional,


porque és "maior que os homens"e nem dás importância,
porque me deixas cair, sempre atenta,
porque acompanhas o levantar mais astuta,
porque és de uma beleza maestra,
porque a tua meninice é onírica,
porque sabes a luz eterna,

porque aprendeste a falar uma língua, que nem eu nem ninguém conhece:

a minha.

soltas (2)

Porque é que nos encontramos tão bem quando nos perdemos?
Como se riscará tanto da vida depois de arriscar?
E depois de saber, sabe sempre tudo tão melhor...


Transcendente derrepente na minha dormente mente, aparente estrela cadente, quase decadente, nunca obediente, amor luzente, consequentemente crente. Calorosamente potente, até nos ossos ardente, suspiro ascendente. Um grito quase demente, pouco ou nada eloquente, assola-me os lábios agressivamente. 
E o ente... 
Repentinamente intermitente. 
Subitamente ausente. 
Agora indiferente.



no espelho vejo tudo o que ainda tenho para conquistar
a luta maior


R: 'até amanhã e merci'
L: 'não se agradece o amor'


há presenças que por si só são como um abraço
abraços que por existirem são amor feito
amor que quando feito faz vida
vida que, 
se em amor, 
abraça o mundo com a sua simples presença


Preparam o Homem para tudo. 
Fazem-no fortaleza de emoções, auto-controlo, orgulho, amor-próprio, de inteligência. Ser atento, astuto, na defesa, ao ataque... 
Mas tudo lhe cai por terra quando se depara com a simples, a pura, a livre transparência. A bendita, embora entre humanos incrivelmente inesperada, Verdade.
Só aí o Homem se lembra, erroneamente, de parar para pensar.


cuidado, 
não és "casado" com o que dizes amar: 
mas sim com o que pensas ao despertar e antes de adormecer.


esconde-te em mim, que sou floresta, vale, montanhas. faço dos dias cor e calor e da cinza água de beber. vem, descansa nos meus braços dos males do mundo.  mesmo que hoje seja só cansaço.

sabor

como vinho, 
nos meus lábios achocolatado,
o beijo pode ser choque, se apressado

já que o beijo, 
só é beijo, 
quando saboreado

solta(s)

B.: "I am hoping someone will give me a broken time machine."
L.: "I will... As soon as I find mine."


às vezes parece que morro de saudades tuas, e assim Vivo.


A: "Eu gosto muito de literatura L., sei que nao aparento, mas leio muito. Sempre li."
L.: "Não parece? A literatura não se vê na cara das pessoas, mas na alma... E não é preciso ler para (se(r)) Ler..."


saber a verdade sobre quem amamos pode doer, mas é o início do verdadeiro Amor


Não será a morte o nosso maior pedaço de vida?


só poderei viver num lugar onde possa beber água de forma tão sôfrega, que me escorra pela face, até ao peito
ou, no mínimo, onde possa andar pelas ruas de boca cheia de chocolate
no mínimo


para que o amor e a paz persistam, teremos persistir com eles. "ser maior que os homens".


Pedidos de cartas de motivação e apresentação para candidaturas em trabalhos a recibos verdes é quase filosófico.


Queria dizer-te tudo aquilo que já sabes mas não fazes a mínima ideia.


como poderei alguma vez ser estável, constante, "normal", se as simples necessidades, para mim obrigatoriedades, de comer e dormir me aborrecem?


Brains should be the new black.

Taci

Encolhe o nariz quando ri. Pensa olhando o chão mas o chão está longínquo. O seu maxilar foi cuidadosamente desenhado, eu sei. Deita-se na cama de corda virada para o céu, conta-me os seus segredos, vive os meus. Não lhe escondo nada, absolutamente nada. Sei que me apaixonaria profundamente se fosse Homem e, na verdade, já me apaixonei sendo Mulher. É de uma pureza de alma que tranquiliza qualquer um. Veste-se de natureza e tão bem. Fala de amor como ninguém. Passos lentos que são elegância. Sabe que é linda mas não liga. Contou-me que antes era feia... Pois digo-lhe que é das Mulheres mais inteiramente belas que já vi. Beleza de transbordar. Por isto e mais, estar com ela é fazer do tempo recordista. É uma sorte.

de luas estamos cheias mas de cheias está cheia a lua

O peso do nada que fiz hoje.
As horas, os minutos, o que passou.
Tu, perto e tão longe,
Longe e tão perto.
Deito-me agora com comigo,
Juro-te baixinho que nunca mais, sabendo que é só até a lua-cheia passar.
Durmo nos teus olhos porque os meus não querem
Vejo que os teus também não.
Vamos parar de dormir acordados, só desta vez.
Peço-te.
Peço-te imaginando que o mundo não tem de acabar para que nos juntemos.

Antes eu imaginasse que não me imaginas mas eu sei
E isso dá-me luas cheias (em excesso)

Um dia como os outros

O meu dia começou há 41 horas. Daqueles que muitos diriam que "até parecem dois". A mim parecem-me momentos e os momentos são intemporais. Talvez por isso 41h não tenham valor psicológico.

Acordei, pus-me dentro de água e planeei: "hoje não volto a casa".
Peguei em roupa para o trabalho, para o lazer e para a segunda ronda de trabalho. O meu dia tinha então 1h e eu dividia o pequeno-almoço com o meu papagaio, das poucas rotinas que tenho: não o pequeno-almoço, mas dividir o que quer que seja com o meu papagaio. Saí atrasada de casa porque não há como fazê-lo de outra maneira e apurei-me até à primeira barreira do dia: a portagem e respectiva consciência da minha conta bancária. Não estava mais habituada nem a uma, nem a outra. Fiz um rally imaginário até ao trabalho e cheguei 30min antes do tempo.

Só por prazer se deve acelerar mas nunca se deve acelerar só por prazer.
Abrandar sim.

No trabalho, que passou tão devagar que terminou rápido, apercebi-me da pobreza de espírito dos que (se) consomem e tive pena. Detesto pena. Apercebi-me também que, embora a culpa não seja deles, a cegueira e passividade, São.

Vi o quão incompreensíveis podemos ser quando Somos em demasia mas também o quão bonitos.
Beleza é totalidade, o que é perigoso.

Saí do trabalho feliz porque ia jantar com uma Amiga, que tendo-se perdido pelo caminho, me levou a ligar para Outra com uma proposta de caixas de sushi take-away e acabei num restaurante "japonês" com um Amigo a rir à gargalhada: Lembrei-me que as cartas de vinhos poderiam ser "menus" de casa de prostituição. "Porca de Murça", "Casal Garcia", "Egoísta", "Grandjó" até os mais espirituosos funcionam como a "Tia Maria"... Sim, é infinito. 

Depois do restaurante iria ter com a Bea mas a Vanessa estava em apuros e nem precisou de pedir. O plano Bea fundiu-se com o plano Vanessa e acabámos as três no carro a mudar de ideias constantemente até serem horas de ir ver o Amigo com quem jantei a passar uns discos no bairro alto. O carro estava cheio de coisas dele o que significou uma sessão fotográfica que, embora sóbria, pouco parecia.

Do que mais adoro nos meus amigos, quase tanto como a suas imensas Personalidades e Almas é a loucura de me dizerem sempre que sim.

Seguiu-se uma noite daquelas com direito a tudo o que se quer e mais uma dose extra de leveza. Não dormi em casa e acordei sem dormir: passei a noite a passear por outros mundos possíveis, mas não estava cansada. Só o voltar cansa, Ir alimenta. 

Tomei mais um duche quando o meu dia ia mais ou menos a meio e, uma vez mais, atrasei-me. Desta vez tive um acidente com um camião (segundo o meu coordenador nunca me ficaria por um ligeiro)... Mas o perder o dia por isto era desnecessário.

Era só um camião articulado.

O dia simplesmente continuou até ser hora de sair e nisto, quando tinha de mudar o pneu e não mudei, quando deveria ter ficado mais 1h30 e não fiquei, recebo uma mensagem de um outro Amigo: "Jack White"? Não tinha dinheiro e disse-o. A resposta foi a seguinte: "Mas já tens bilhete."

O dia ia em 43h.

Saí do trabalho, fui ter com o meu amigo que passou música no bairro alto há umas horas, fomos buscar gomas e fomos para a rádio, ele ia dar uma entrevista e perder uma aposta em directo para todo o país. E eu na fila da frente.

Saimos de lá acelerámos até casa dele onde me pus apresentável e segui para o concerto.

Já não via o meu outro Amigo há tanto tempo que não entrámos logo no Coliseu e por pouco seria tarde demais, mas desperdiçar conversa e ginginha é crime. O mundo inteiro que haviamos perdido foi ali contado em minutos.

O concerto não foi um concerto, foi uma ode à música. 

Quando terminou, abracei o meu Amigo, e fui em silêncio até casa. Recebi ainda uma Amiga em apuros, a quem dei asilo.

Caí à cama em queda livre.
Até ao dia seguinte.

17 de novembro de 2012

rico circo

Luxo é o abraço da minha mãe ser possível todos os dias.
Riqueza são os pensamentos de quem amo.
Poder tem, somente, as mãos de quem desejo.
IN está o Amor.

Antes os meus rendimentos fossem em beijos, abraços e sorrisos... Queria lá saber do bruto.

Classe têm as mãos de terra, ferro e madeira... do meu avô.
Elegância o pé descalço dos meus irmãos.
Preciosas são as pedras dos rios que ainda não poluímos

E a água que deles bebemos.

Para ser rico, há que não querer nada.

11 de novembro de 2012

compras-te

Olha-me para eles. Caminham lento olhando a lentidão dos passos dos preços que não vão nunca descer a rua. Mas parece-lhes tanto. 

Olha para eles perdidos no caminho em frente.

Esvaziam a carteira esperando que se preencha o vazio que não os deixa olhar o espelho de frente há já muito tempo. Tempo esse que, ao sobrar, não se preenche com perguntas mas sim com monitores de diferente tamanhos. 

Haviam de ver o tamanho dos monitores aqui.

Olha para eles "só a ver", agarrando com um alimento de plástico que lhes é vendido como o suprassumo nutritivo. Olha-os a acreditar. Olha-os com os filhos ao colo num fim-de-semana solarengo enquanto escolhem uns ténis de outdoor... que nunca conhecerão a lama, a terra, as raízes ou as rochas salgadas. 

Olha-os a sonhar com eternos pores-do-sol enquanto lhes é passado o multibanco... e o sol se põe lá fora.

Vê bem. Vê bem enquanto dizem que vão pensar imaginando que pensam alguma coisa.

Peço desculpa, mas daqui vejo-os todos. Talvez porque outrora vi horizontes sem fim. Hoje estamos aqui, eu a amazónia aprisionadas em vasos, nas paredes, protegidas por um tecto que não pedimos.

Por isso...

Olho-os iludidos com a promessa de que aquela frase da t-shirt é a resposta para as perguntas que não saem. Olho os filhos deles enquanto o aprendem. Às vezes parece que o medidor de altura dos parques de estacionamento subterrâneos corta-lhes parte da alma quando passam. 

Assim... 

Olho-os de mãos nos bolsos, deixando no ar o melhor perfume que tinham em casa. Olho-os a seguir "tendências". Dependências, exigências. Olho-os de diferentes cores e só vejo cinzento. Vejo-os a sorrir encontrando a dor. 

Saldos, descontos, percentagem, alucinação. E pela carteira morre a nação.

6 de novembro de 2012

a um ente

Transcendente derrepente na minha dormente mente, aparente estrela cadente, quase decadente, nunca obediente, amor luzente, consequentemente crente. Calorosamente potente, até nos ossos ardente, suspiro ascendente, grito quase demente, pouco ou nada eloquente. Assola-me os lábios agressivamente. 
Repentinamente intermitente. 
Subitamente ausente. 
Agora indiferente.

5 de novembro de 2012

crer ser (crescer)

Desta vez é um livro que quero escrever.
O facto de estar a começá-lo no bar da minha faculdade, onde era suposto estudar ou, pelo menos, estar rodeada de amigos, é capaz de mostrar a excelente capacidade de encaixe que tenho.

Acontece que à minha volta está um verde fluorescente tão forte e "des-fenomenal" que parece não existitir mais nada. Tudo está barulhento: desde os pequenos jogadores de futebol ironicamente agarrados a matrecos de "cinquenta euros" até ao Renato. O meu amigo Renato. Aqui na cadeira do meu lado esquerdo, já que noutra cadeira sei que nunca se sentaria. Encontra-se num silêncio tão grande e pesado, tão rápido nos dedos e nas suas ideias que bem poderia incendiar este bar e matar os sobreviventes para relaxar "um pouco" mas não lhe seria suficiente. De qualquer das formas sei que nem o tentará por uma razão: o seu seminário tem de ser apresentado em15 minutos.

No fundo este é um dia como os outros, só não tinha visto antes este verde fluorescente, o que poderia ser uma bonita metáfora para muitos mas não é: a faculdade esteve em obras e eu também. 

Entretanto a faculdade já não está.

Passa uma barriga de cerveja e churrascada de uns 40 anos de existência e e eu penso: que interessará isto?

A minha escrita é um magnífico ultraje. Principalmente porque aquela barriga me interessa e eu deixo isso transparecer. Aquela barriga fez-me pensar no nosso tempo de vida e no que fazemos com ele. Concluindo sobre o quão ridícula sou por não saber existir. Aquela barriga.

Alivia-me o facto de estar a bater-me nos olhos uma expressão de ciúme de um dos pequenos jogadores, porque eu estava, pelos vistos, a sorrir para a equipa adversária. O meu prazer no seu ciúme faz-me esquecer todo o resto e perceber, feliz, que afinal não cresci.