10 de outubro de 2011

acendo um cigarro de uva
quando se acende um cigarro de uva tudo fica mais redondo
só às vezes não o suficiente
às vezes parece que por mais água que deites numa semente ela não Sente
guardami, sentimi... imploro eu e o italiano, juntos sabemos bem o que estamos a pedir

mas nada... fica tudo lá, na sua impenetrável carapaça
secalhar as sementes do mundo têm momentos quadrados,

só para que lhes deitemos água e mais água,
só para que façamos por dar o nosso melhor, o nosso maior, o que podemos dar
"só?", perguntas
secalhar é esse o objectivo que o universo lhes deu, para estes tempos de barragem selada,
longe de crescer ou virar fruto:
a ideia é, provavelmente, ficarmos a saber, através da intensa tentativa, o que pode ser o nosso verdadeiro Melhor naquele momento
"tanto.", respondo
assim me fico, no silêncio. aqui no quarto parece a mais bela orquestra
assim me fico toda, inteira como um espelho antes de cair, ensurdecedora como um triângulo 
fico a saber o meu melhor mas esgotei(-me) (n)a água toda
esgotou-se (n)o meu peito, (n)os meus dedos, (n)o meu umbigo, (n)o meu sangue
"até."
agora tenho de ir dançar à chuva

Sem comentários:

Enviar um comentário

tem vontade própria