11 de dezembro de 2012

jardim mãestro

Voltei ao jardim que me viu nas-Ser. 

Percebi que, como eu, se tinha gasto um pouco mas mantinha o gosto pela Vida e ainda com amor recebia.

Era um jardim tão grande quando o vi pela primeira vez. Tão vasto na sua vida e esconderijos. A água corria pelas pedras, fresquíssima, a estátua do maestro estava maestra, a subida era longa, só por isso não acompanhava a Vera depois da escola até casa. Nos bancos cabíamos todos nós, no carnaval o espaço para uma boa batalha de balões era o ideal.

Era um grande jardim.

Viu-me crescer e ter amores impossíveis de tão populares e mais velhos (3 anos). Assitiu na fila da frente às minhas brincadeiras de X-men evoluirem para coreografias de spice-girls... e o meu "amor impossível" à minha procura.

Este grande jardim ensinou-me a cair de skate, também que as manchas de relva estragam a roupa mas dão as melhores estórias... E não viu, mas soube do meu primeiro beijo.

Este jardim fez comigo lutos que não tínhamos ainda idade para perceber.

Jardim majestoso este, no qual me vinculei. Hoje nele me sento sentindo-me grande mas só em tamanho. Pergunto-me se ele encolheu na minha ausência, embora sinta que cá dentro não cresci. Pergunto-me porque terá a sua água parado de correr, porque se esqueceram do maestro, porque terá o verde perdido o brilho (será por isso que as manchas de relva agora saem e as estórias também?)... Mas no banco está um casal de adolescentes em comportamentos crescidos, duas meninas cujas malas têm quase o seu tamanho sobem juntas a rampa e passou por mim um pequeno que um dia vai saber andar sem as rodas de trás...

Resta-me sorrir-lhe. Assim, simples, o jardim me segreda que, se quisermos, vivemos para sempre.