25 de setembro de 2012

príncípeo

Há um príncipe lá no céu que um dia pensou em descer. Pegou numa mala pequenina, abraçou todos, deixando-os saudosos (alguns mesmo ciumentos..!) com a promessa de que os guardaria nos olhos às escondidas. Na mala trazia kilos de amor e música (não precisa(mos) de mais nada).

Há um príncipe lá no céu que um dia desceu e eu, (normalmente) distraída, tropecei-lhe nos pés, escorreguei pelo sol fora e fui bater-lhe precisamente no coração. Ele diz que não magoou nada, mas eu cá não acredito. A verdade é que ele sorriu e desde aí percebi que tinha encontrado algo que não se encontra na Terra. Tinha acabado de encontrar Ar de outros mundos-que-nem-o-são. 

Respirei-o e vi melhor. É um príncipe daqueles que não lhe importam as coisas de príncipes, tão pouco de pessoas. É que ele vê em notas musicais, alimenta-se de conversas, respira gargalhadas, come cócegas e sente-me como ninguém alguma vez sentiu. É um príncipe que só faz chorar de alegria ou de saudade (das duas uma!) por isso, por mais que ele tente esconder, eu sei que veio do céu. Posso até dizer, aqui entre nós, que encontrei alguns anjos curiosos nos olhos no outro dia quando lhe contava um segredo. 

Quando oiço o seu coração sei que cheguei ao meu porto-abrigo. Como em casa, descanso nele tudo o que posso, vivo-o tudo o que dá (para casa e para o seu peito só convido amigos especiais), até ter aquele inato impulso para fugir. A minha sorte é que, se lhe largo o peito por locura, corro o mundo inteiro, faço estragos, terramotos, maremotos, salto de precipícios, faço o caos parir gémeos, provoco acidentes, indecentes, ardentes, dementes, crentes e, quando volto... corro-lhe para o peito como uma criança, beijo-lhe o coração acelerado e simplesmente sinto o sossego. E ali me fico. Segura, em silêncio. Nele descanso. Com a sua mão na minha cabeça e o coração no outro lado adormeço, em total paz, total plenitude. Soube um dia que ele também e quase que tropeçava outravez só de felicidade.. mas estava no seu peito. 

Há um príncipe lá no céu que decidiu ficar por cá uns tempos, não percebo, tavez lhe tenham dito que é melhor. Que a Terra está a precisar de transparência de alma e pensamentos, de amor incondicional. Seremos unos enquanto o céu nos deixar, que a Terra não tem nada a ver com isso.

1 comentário:

tem vontade própria