Às vezes olho para a inspiração como um orgasmo de mulher. Não no sentido do prazer, do fim, mas na sua vida, no seu caminho até ao êxtase. A inspiração começa onde os pensamentos levantam vôo, o orgasmo também. Não é a vontade, não é o toque, nem, algumas vezes, o que nos rodeia. É o que trazemos cá dentro e como o vivemos. A inspiração cresce no sonho correspondido, seja pelo mundo lá fora ou dentro de nós. É como uma osmose que se procura e encontra, às vezes por si mesma, outras vezes por adição de outros elementos, o orgasmo cresce assim também. Não é o momento em si, são os momentos todos antes, a estória, a vida toda antes. Não é, de todo, simples, é um orgasmo de mulher - ambos começam assim que o dia começa, ou antes. Ambos, depois de encontrar em inquietude o seu caminho nas veias, percorrem-nas em extrema suavidade, espalham-se pelo corpo todo em longo prazer, intensa plenitude, até encontrar o seu lugar... Aí tudo no corpo explode em brilho e tintas de diferentes cores, e o mundo... O mundo só pode viver disto, desta energia que se liberta, deste aparente fim que é um começo de tudo.
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tem vontade própria