14 de agosto de 2012

hoy

Hoje arrepiam-me as minhas roupas de viagem lavadas. Parecem-me uma ave de asas cortadas. Dá-me medo a minha mochila vazia, como um cachecol de lobo ostentado pela angústia. Hoje custa-me a vista do quarto, do terraço, da sala, da cozinha, porque são finitas, irmãs da prisão que sei que se avizinha. Não posso sequer olhar para as fotografias. Sinto-as inúteis como lareiras vazias. Hoje queria saber que não foi um sonho, utopia da filha de um filme enfadonho. Hoje escondo-me dos padrões andinos e quase que choro, fecho os olhos e vejo cada ser que conheci e adoro. O doce cheiro do pacífico não existe mais, procurei-o no correios que enviei para os meus plurais. E os amigos que fiz, tão grandes mas tão distantes, vejo-os nas inesperadas brisas cortantes. Lembram-me algumas decisões, para uns errantes, que decidi tomar quando entrava numa onda que parecia não fechar.

Mas eu sei que é aqui que devo estar. Hoje.

1 comentário:

tem vontade própria