31 de outubro de 2011

mandamentes

há que deixar o mais ou menos
e ainda mais o menos
há que amar mais vezes por dia

que me queres-me? - brincar aos parêntesis


que procuras em mim?
apareces, dás, sei que levas...
mas que escondes?
planícies de jade e marfim,
ou lama das trevas?
vejo-te as mãos, herança de condes,
mas isso nada é no fim.
quando a minha mão à tua levas
sinto frescuras de diferentes frondes
e sempre pergunto que procuras em mim.

29 de outubro de 2011

12 metros e uma ida

Tenho um grave problema com medos em geral: não os suporto.

27 de outubro de 2011

e o vidro linha ténue

o frio lá fora,
o vento violento,
as cores que deixam de o ser a cada segundo que passa.
o calor cá dentro,
as gatas enroscadas no silêncio,
o meu nariz pelos seus pêlos adentro até às suas barrigas divinais...
vou partir...

26 de outubro de 2011

Organização de Nós Unidos

Crime contra a Humanidade: Acordar a meio de um sonho.

23 de outubro de 2011

três belas num precipício

Era de noite. Eram três belas jovens num precipício. Tinham idade de finalmente começar a aprender com a vida e era sobre isso que conspiravam: sobre a vida, sobre o amor que ensina, sobre a lua que comanda em festas nas costas. Encontravam-se sentadas em triângulo profano e dele saiam todas as ideias que uma criança pode ter quando descobre o amor. Saiam todas as contradições que as mulheres jovens podem conter e uma dose extra. Saia também magia de maduras feiticeiras, daquela que faz cair as estrelas; e elas desejavam cada estrela que caia, tanto pelo querer em si como pelos desejos que lhes saiam pelos lábios. Era um triângulo muito poderoso: três ângulos de jovens muito sábias do coração e profundamente leigas nos homens e na matéria.




Estas jovens são diferentes, sei bem. Estas senhoras quase menores de idade beijam a lua e a lua beija de volta. As suas confissões dão músicas de acordar, nunca de embalar, e as suas mãos viram as cidades do avesso. Por isso fica impossível que todos aguentem a presença destas "belas-donas". Nem todos(as) têm no corpo um universo que sustente a grandeza de uma Mulher, e por isso estas Mulheres-flor tem algumas "pedras no caminho" mas "guardam-nas todas" e contam-nas às gargalhadas (já começaram a construir, não castelos, mas palácios). São três ângulos de beleza extrema, cada uma oposta das outras, três estórias que são história, três vibrações díspares que, ao se terem reunido num precipício, deixam o efeito borboleta um bocado confuso.




Eram flores perdidas no encontro. Era um encontro que mais parecia um reencontro. Quem via ao longe não se aproximava, ou porque se afastava como o homem foge do que importa, ou porque era apavorante para a maioria, era um visceral precipício para o vertiginoso mar. Este triângulo não o temia, aliás, pouco temem estas senhoras: Túlipa Branca teme o não-amor, Gerbera o não-saber e Papoila o temer. Todo o resto é um precipício onde elas dançam, uivam, gritam e fazem amor...




Túlipa Branca é a bela jovem que caminha onde a luz toca e não dá por isso. Todos lhe elogiam tudo e todos sabem que se ela soubesse o mundo era tão mais feliz. Ela não o "sabe, nem sonha", mas quando Túlipa dorme, o mundo abranda para olhá-la. Quando esta acorda, muitas vezes em melancolia, ela sabe que não é no espelho que se encontra a beleza mas esquece-se que no mundo, há muitos que não ligam ao espelho e abrandam para olhá-la da mesma forma ou mesmo com maior admiração. Túlipa lembra o mundo o quão extrema uma beleza de mulher pode ser e o quão violenta também. Ela é sensível como a flor que lhe deu o nome e como um animal que fere para se defender. (Uma beleza sensível destas, infelizmente, tem de se defender muitas vezes...) Ela espreita o mar sempre que pode e agradece a sua existência. Túlipa não sabe ainda que também o mar se verga e agradece de volta perante uma alma assim... Mas saberá.




Gerbera é a bela jovem que recebe o que dá e dá o que recebe. É cega no seu amor e isso é uma dádiva. Para além de um semblante que estas épocas já não conhecem, tem também uma pureza que o presente não conhece. Gerbera é de uma beleza real, quando ela for grande vai governar o mundo, por isso até lá deve aprender tudo e todos. Esta coroa em flor sabe muito, até que "nada sabe", então, mesmo quando tropeça no caminho mantêm-se na estrada, consistentemente. Às vezes acumula feridas, outras vezes pessoas que não são boas de se acumular, mas, desde que a conheço, a sua coroa tem-se erguido, juntamente com a sua paz, o que afasta muitas pedras... Ela é da cor do trigo e traz a força da terra nos dedos. Às vezes ela fala comigo e eu não oiço, porque os olhos falam também, então fico a escutar os olhos, profundos faladores do que lhe vai no corpo e na alma. Aprendo muito assim, a escutá-la. Gerbera não sabe ainda que nasceu para ser maior que os homens... Mas saberá.




Papoila é a bela jovem "pé-de-vento" (in Artur Carvalho, Avô), tanto pelo caos que instala onde passa, como pela maneira como se desloca no mundo, etérea, inalcançável, desassogada. Tentar agarrar esta flor de ar é dar-se mal com a vida: nem ela se segura. Esta jovem-turbilhão tem em si todo o caos e amor que o mundo pode ter e isso fá-la pegar no medo e seduzi-lo, todos os dias, com prazer. Ela é um despertar para a irrealidade, para o incompreensível, para nós mesmos, e por isso teme profundamente temer: o medo atrasa e ela não é pontual de natureza. No meio de todo este estado-de-sítio extra-feminino reside a Verdade, pelo menos a dela. O mundo tem acesso a este ser na sua forma mais pura e sem medos, o que para muitos é assustador. Então Papoila, para facilitar, só deixa entrar quem traz o Universo no peito, o resto fica à porta, espreita pela janela e ilude-se. Papoila não sabe ainda se no meio disto tudo, o mundo a ama de volta... Mas saberá.




Era um abismo de beleza, aquele precipício. De lá saiam danças pagãs, confissões, gargalhadas, feitiços, gritos, estórias do além, estórias do aquém, beijos para a lua que já se deitava para as ouvir melhor... Mas tudo tem uma ampola do tempo que Papoila partiu, tudo tem uma consciência do efémero que Gerbera conheceu, tudo tem um final feliz que Túlipa desejou, e por isto, por aquilo, pelo tanto que estas jovens têm ainda para oferecer, o mundo chamou-as de volta em louca saudade. Elas desapareceram por entre as ervas, o precipício caiu de si mesmo abaixo.

18 de outubro de 2011

maninfestado

A todos os verdadeiros hipsters um grande perdão, podem ir em paz.

Mal posso esperar pela fase de insultar as pessoas com um "seu surrealista", ou "olha-me aquele neo-romântico". Maravilha.

17 de outubro de 2011

no baloiço

Ela diz: "A visão portuguesa é tão bruta às vezes... Não poderiamos ter arranjado melhores palavras que desabrochar e desflorar?"

Ele, no seu colo: "Possível cerne do problema: ter começado por espalhar, mundo fora e à força, uma língua tão maior que nós."

16 de outubro de 2011

m(a)y(an) prophecies

hier j'ai oublié
hoje tudo é peso.
dans le futur,
i'll wear nothing but flowers.

15 de outubro de 2011

tão livre quanto um livro infinito (que começa e acaba nas nossas mãos)

És livre?.. Consideras-te um ser livre? Porquê?
Achas que por seres consciente, por teres dinheiro ao fim do mês, por poderes sair noite dentro, podes dizer-te livre? Achas que por poderes votar, amar quem queres, não amar ninguém, ter animais, comer carne, usar saias e ver televisão és  liberto de condições? Então olha bem. Olha melhor. Olha mais. Desliga os monitores, larga o espelho e Pensa. Tu não és livre. Tu não vives sem comer, não vives sem dormir, não vives sem interromper aquela conversa-maravilha com um "tenho mesmo de ir à casa de banho".  Não vives sem a consciência de que além de tudo isto há ainda uma condição, a condição humana, a morte. Ninguém vive sem pensá-la uma vez que seja. Mas nem vou tocar esse tema, já basta tocar um tema maior que eu e que os homens. Tu não és livre. Será que existes sem a comprensão alheia? "Claro que sim", dizes tu enquanto te agarras com unhas e dentes a esse monitor. Serás livres desses sites que tens abertos? E dessa máscara que pões na cara segundos antes de abrir a porta de casa, serás livre? Olha bem, olha melhor, olha mais. As tuas necessidades, às quais obedeces cegamente e sem questionar, são a consciência de que não és livre. Agradece essa consciência, pensa-a, sê humilde (é através desta que te podes começar a libertar das amarras com que nasceste, com que todos nascemos). Agora não te digas livre: A relação entre a importância das coisas e o controlo que tens sobre elas é profundamente inversa.

15 de outubro

fia-te nos media e não corras

14 de outubro de 2011

não esquecer:

1. Não sentir saudade do que nunca se segurou(, é que não sabemos o que temos em mãos se só o agarrarmos... e sentir saudade é, no meio de muito, cuidar à distância).


2. Não desperdiçar palavras pelos dias(, parece que não mas as palavras têm validade... sentimental).


'Por alguma razão temos uma boca e dois ouvidos' V. Cruz

13 de outubro de 2011

abrir mão

estava tudo certo, era o caminho dos homens
aquele que toda a gente conhece e compreende
aquele onde toda a gente se cumprimenta.
nele as pessoas percebem-se, partilham modos de vida
todos amam igual, é fácil.
todos sentem que fazem parte, nem que seja por breves momentos.
nele todos falam a mesma língua, usam as palavras para tudo.
eu passeava nesse caminho, bem pequena, pela mão de alguém
mas esse alguém deve ter-me perdido

12 de outubro de 2011

cuidado

I.
Sonho. Vou para os teus lugares e sonho contigo. Sonho que apareces repentinamente e sem olhar para trás, sem desperdiçar palavras, agarras-me pelos ombros. Com essas mãos de homem suave, puxas-me. Com esses lábios lentos de outras terras, beijas-me (sem planos, com desejo). Com esses dedos de piano, tocas-me. Com essa língua silenciosa, saboreias-me. Em ânsia os teus longos braços provocam a minha cintura e o meu corpo todo obedece. O teu corpo todo sabe que o meu corpo todo lhe obedece. Encostas-me à parede, para não fugir mais. "Eu não fujo mais", digo enquanto me mordes em castigo. Mas é um sonho. E tu acabaste de aparecer.

II.
Frente a frente. Numa mesa no centro do mundo, eles sorriem-se. Elegantes, perfumados. Olham-se nuns olhos em brilho que arrepia qualquer ser com lobo pré-frontal. Demoram-se um no outro. Estão de mãos dadas por cima da mesa, mas quase que já nem existe mesa. Só ele nela, só ela nele. Mais sorrisos. Mais olhares-delícia. Ele ri, ela sorri e olha para baixo em gesto de embaraço - tão feminino que enamora qualquer um. Ela tira as suas mãos das dele, em brincadeira, para que ele as chame. E ele chama-as (ele É chama) uma, duas, três vezes. Quem vê de fora sabe que ele chamaria as vezes que fossem precisas. É assim o Homem que Ama e só quem Ama é Homem assim. À terceira vez ela deu as mãos, todas. Deu tudo. "Pôs tudo na mesa". É assim a Mulher (toda a Mulher Ama)... Mas nem todo o homem está preparado para Isso. Ele está, tão bem. Agarra-lhe as mãos como se de uma oferenda sagrada se tratasse (e trata-se). Sem tirar os olhos dos olhos dela, sorri. O Universo pare extrelas extra na presença de um Amor assim... Agora partilham um chá. Os olhos continuam nos olhos e não se calam, é lindo de se ver. Tudo isto me faz sentir venturosa por aqui estar, mas o que me deixa humilde, de lágrimas nos olhos, é ver-lhes à distância os cabelos brancos, as rugas que há muito que não são de expressão, o verdadeiro amor eterno. E assim eles partem, juntos, passada igual para a próxima saga. E eu... Eu hoje já só me fico.

11 de outubro de 2011

intervalo - tentativa 2

no início (há uns 3 meses), pensei que conheceria a maior parte de vocês mas chego hoje à conclusão que começo a deixar de conhecer. 

ficam os sentimentos à deriva
mas estar à deriva é amor
estar à deriva é amar
e amar(,) sempre é estar à deriva
(nem todos o conseguem em paz)

vou continuar-me igual,
vocês estão locos
em sorriso comunico um até já
Lo

medsjal

De onde vens tu? Em que parte do mundo aprendeste que a vida são dois dias? Estarás de partida? De chegada? Qualquer partida é uma chegada também... Será que o sabes?
Espero que estejas a aprender(-te)... que saibas que a ideia é nunca parar.
Quantos Dias contas? Conta-los pelos dedos ou pelas almas?..
De que cor são os teus olhos?.. Deixa-me ver. Esquece, não importa. Aprendi que todas as íris têm céu e subsolo e, por mais ou menos claras que sejam, todas têm cócegas das cores do mundo.
De quem foges? Eu fujo da morte, ando a ver se passo despercebida. Queres esconder-te da morte comigo?

10 de outubro de 2011

acendo um cigarro de uva
quando se acende um cigarro de uva tudo fica mais redondo
só às vezes não o suficiente
às vezes parece que por mais água que deites numa semente ela não Sente
guardami, sentimi... imploro eu e o italiano, juntos sabemos bem o que estamos a pedir

mas nada... fica tudo lá, na sua impenetrável carapaça
secalhar as sementes do mundo têm momentos quadrados,

só para que lhes deitemos água e mais água,
só para que façamos por dar o nosso melhor, o nosso maior, o que podemos dar
"só?", perguntas
secalhar é esse o objectivo que o universo lhes deu, para estes tempos de barragem selada,
longe de crescer ou virar fruto:
a ideia é, provavelmente, ficarmos a saber, através da intensa tentativa, o que pode ser o nosso verdadeiro Melhor naquele momento
"tanto.", respondo
assim me fico, no silêncio. aqui no quarto parece a mais bela orquestra
assim me fico toda, inteira como um espelho antes de cair, ensurdecedora como um triângulo 
fico a saber o meu melhor mas esgotei(-me) (n)a água toda
esgotou-se (n)o meu peito, (n)os meus dedos, (n)o meu umbigo, (n)o meu sangue
"até."
agora tenho de ir dançar à chuva

cartas a um jovem poeta que não aquele

começo a achar que tudo à minha volta ganha vontade própria quando eu lhe toco. Tipo Midas mas em versão mulher do séc.xxi.,
mas também sou uma criança que até com o vento nos cabelos se eleva.
sabes que nem todos vêem magia, há uns mais sortudos que outros.
conta-me estórias, existe, sei lá.

isto de escrever espontaneamente e não olhar para trás (desde sempre) tem o seu quê de estupidez.

(senti-me) obrigada, p-c, as palavras de três letras são muito intensas para mim.

parentes-is

atiro-me aos dias porque sonho (incessante-mente):
sonho que se a minha mão esquerda estiver a flutuar enquanto conduzo, alguém há-de agarrá-la e essa pessoa vai mudar a minha vida.
sonho que se eu for sempre verdadeira com o mundo o mundo será sempre verdadeiro para mim.
sonho que quando se cruzar comigo a pessoa que mais me comprende no planeta Terra eu saberei (por isso preciso de correr o mundo inteiro).
por falar nisso, sonho também que os homens e as mulheres, um dia, se compreenderão uns aos outros.
sonho que se chamar uma pessoa com o pensamento ela ouve e, se gostar de mim, vem (funciona).
sonho que a escrita não está escrita, que é o que somos cá dentro, livre e infinita (eterna adolescente)
sonho tudo e todos, isto e bem mais,
e questiono-me se alguém um dia me sonhou,
mas não vou por aí sequer
já que questionar, questiono o universo.

9 de outubro de 2011

for a living

se o céu se confunde com o mar estás no sítio certo

(sometimes i just count stars for a living)

azul

não me olhes assim,
desencontros são encontros também.
quando te abro a porta
fecho janelas a alguém.
se desencontro o encontro
fica o desejo aquém.
não é inconstância

é querer o mundo e não querer ninguém

8 de outubro de 2011

quando o tempo deixa de saber quanto tempo tem

escrever é fazer parar o tempo, ou contá-lo em notas de prazer, mas há tempos que não esperam por nós. há tempos que nos correm pelos olhos, pelos lábios e, como as sensações, nos fogem pelos dedos. fica a memória deste cadente fugidio, que sobe o rio e quase se deixa apanhar... mas até a memória é sensação neste mundo que somos nós, ela sempre ganha as formas do corpo que usa. como um leve vestido que desce pelas horas abaixo.

quando as coisas ficam assim claras é melhor parar.

6 de outubro de 2011

uni-verso

fui visitar uma nebula, mas estava em trabalho de parto
fazia frio na via láctea,
fechei a janela e fugi para mercúrio,
fumei um neptuno,
espreitei saturno pela janela, mas estava de mau humor:
chakras desanelados.
hoje o universo está todo do avesso...
parece a Terra...
vou dar-lhe um banho de estrelas e já volto.

5 de outubro de 2011

antecipa cão

é a antecipação que mais te pega na vida e a passeia de trela
as saudades que sabes que vais ter
as novidades que sabes que te passarão ao lado
a vida de quem amas que não tens como defender do mal
o destino que sabes não poder segurar sem o deixar cair
por isso sempre se deve levar uma tesoura no bolso

3 de outubro de 2011

points of view

problems are problens: they make you see better

1 de outubro de 2011

o feliz distraído

o coração às vezes esquece-se se acompanhar o passo.
distrai-se, abranda, fica lá longe...
e nós, agarrados ao momento, à passada,
nem damos pelo silêncio:
continuamos.
aí o ritmo troca-se todo, aceleramos, tropeçamos,
trocamos os passos como quem se embriagou de petazetas
só assim se vê que falta qualquer coisa...
não se deve caminhar sem coração
os médicos dizem que não é possível,
eu acho que é, mas não se deve simplesmente
é que depois não se percebe a música dos dias, o tempo que passou...
não se percebe nada, nem a matemática... 
é terrível...
por isso devemos saber esperar pelo coração
se ele ficou lá trás é porque algo o fez ficar
as coisas que fazem o coração mexer são muito, muito importantes...
devemos aprender a esperá-lo, pode levar uma vida mas é preciso
é preciso ficar quietinho, à escuta
aguardando que ele se aproxime,
que dê um salto em abraço e entre cá dentro,
feliz,
aí, se nos portámos bem, se soubemos esperar e ouvir
o melhor, o mais saboroso, a delícia das delicías acontece
nós só temos de fechar os olhos e escutar
enquanto ele sussurra tudo, tudo o que se passou
tudo para o que devemos viver.